Olá, Amadas!

 

Hoje vamos conversar sobre um tema que está muito presente nas nossas vidas, mas que nem sempre recebe a atenção que merece: o universo da cosmética artesanal. Vocês já me ouviram repetir muitas vezes o quanto estudar o nosso próprio negócio é essencial para alcançar o sucesso. Então, que tal começar entendendo um pouco mais sobre o nosso mercado?

 

A cosmética artesanal tem raízes profundas e encantadoras. Desde os tempos antigos, o uso de plantas, óleos, argilas e essências naturais já era uma forma de cuidar da beleza e da saúde da pele. No Brasil, por exemplo, marcas como a Casa Granado surgiram ainda no século XIX, oferecendo extratos vegetais e produtos manipulados com ingredientes da nossa flora. Já naquela época, o que era feito à mão carregava um charme especial — transmitia cuidado, qualidade e identidade.

 

Essa história atravessa milênios de saberes humanos, misturando ciência, espiritualidade, medicina e estética. Muito do que hoje chamamos de “artesanal” ou “natural” era, na verdade, a forma tradicional — e única — de se produzir cosméticos antes da industrialização. Das alquimias egípcias aos rituais indígenas, das receitas europeias medievais aos saberes africanos e asiáticos, a cosmética artesanal evoluiu com o tempo, mas nunca perdeu sua essência.

 

Com a Revolução Industrial, os cosméticos passaram a ser produzidos em larga escala, o que popularizou seu uso, mas também distanciou o consumidor dos ingredientes naturais e da fabricação consciente. O artesanal foi sendo deixado de lado, substituído por fórmulas com conservantes sintéticos, fragrâncias artificiais e embalagens padronizadas. No entanto, a partir dos anos 1990, um novo movimento começou a tomar forma: o resgate do natural, do feito à mão e da valorização de ingredientes puros e locais. Esse retorno às origens se fortaleceu com o avanço da fitocosmética moderna, da aromaterapia científica e das práticas sustentáveis, criando uma ponte entre os saberes ancestrais e a inovação tecnológica.

 

Hoje, a saboaria artesanal está mais viva do que nunca. Técnicas como o hot process e o melt and pour possibilitam a criação de sabonetes com fórmulas vegetais, cheios de propriedades terapêuticas e com uma estética criativa. Não é só sobre beleza: é sobre autocuidado, saúde, consciência ambiental e conexão com a natureza.

 

Existem muitas curiosidades encantadoras que ajudam a contar essa história. Você sabia que, na Europa medieval, sabonetes eram artigos de luxo usados apenas pela nobreza? Ou que o primeiro sabonete perfumado teria surgido por acidente na Síria, quando óleos aromáticos caíram por engano em uma receita de sabão tradicional? Temos também o sabão de Aleppo, feito há mais de mil anos com azeite e óleo de louro, e que até hoje é produzido da mesma forma por artesãos locais. Sem falar nas tradições africanas do sabonete negro e nas receitas milenares de beleza do Japão e do Marrocos, que usavam arroz, argila e óleos com sabedoria impressionante. Ufa!! É muita história né!?

 

Nos dias de hoje, a cosmética artesanal ganha ainda mais força, já que o setor permite uma personalização raríssima na indústria: é possível criar cosméticos sob medida, considerando tipo de pele, clima local, preferências olfativas e até o humor do cliente. Tudo isso com um nível de proximidade e cuidado que as grandes marcas dificilmente conseguem oferecer.

 

No Brasil, o cenário é promissor. Nossa biodiversidade é uma das maiores do planeta, com ativos únicos e poderosos. Temos uma imensa variedade de tipos de pele, cabelos e climas — o que torna o nosso mercado um verdadeiro laboratório a céu aberto para a cosmética natural e artesanal. Pequenos produtores têm a chance de desenvolver fórmulas específicas, respeitando a diversidade regional e criando uma conexão genuína com seus públicos.

 

Além da minha própria história, são tantos os exemplos das minhas alunas, verdadeiras empreendedoras que começaram com uma bancada simples em casa, uma pequena produção e uma boa dose de criatividade. O diferencial está na formulação, na estética do produto, na narrativa da marca e na capacidade de encantar. O cheiro, a textura, a entrega personalizada e a história por trás do que se oferece são o que realmente fideliza o cliente.

 

E os números confirmam: o setor de beleza e cuidados pessoais movimentou cerca de 27 bilhões de dólares no Brasil em 2024, colocando o país entre os maiores do mundo. A expectativa é que esse número alcance 32 bilhões até 2027.

 

Os cosméticos de prestígio — aqueles com proposta diferenciada, apelo premium ou artesanal — cresceram cerca de 19% no último ano, com destaque para maquiagem (+26%) e vendas digitais (+27%).

 

Tendências como sustentabilidade, rastreabilidade dos ingredientes, transparência nas fórmulas e personalização favorecem diretamente os pequenos produtores. Há também um crescimento visível em nichos como beleza petra, cosméticos veganos, cuidados para pele madura ou para cabelos cacheados, mostrando que o feito sob medida tem valor real no mercado.

 

A chamada “creator economy”, com a influência de pequenos produtores e microinfluenciadores, tem sido fundamental para alavancar negócios locais com custos baixos e alto engajamento.

 

A verdade é que a cosmética artesanal vai muito além de um produto: ela é um estilo de vida. Escolher um sabonete ou produto feito à mão é apoiar um pequeno produtor, reduzir o impacto ambiental, receber um item único e fugir das promessas vazias da indústria tradicional.

 

Para quem deseja empreender nesse setor, o recado é claro: seja autêntico, estude bastante, crie com propósito e comunique com alma.

 

O mercado está sedento por experiências reais — e nada é mais real do que um

cosmético feito com as próprias mãos.

 

E aí? Bora Arrasar!?

 

Barra de Sabonete Marmorizada

Materiais necessários:

Materiais de apoio:

Modo de fazer:

Forre a forma com plástico e reserve.

Sobre a base de corte, pique a base glicerinada branca em cubos e coloque-os na panela esmaltada. Leve a panela à fonte de calor até que a base esteja completamente líquida.  Tampe a panela e deixe esfriar até que esteja suportável ao toque. Em seguida, adicione o óleo vegetal, o lauril e a essência à base e misture bem.

Divida a base em duas bacias ou recipientes separados. Eu optei por deixar uma quantidade maior na parte branca para que o efeito marmorizado ficasse mais evidente, mas essa escolha é totalmente sua. Em uma das bacias, adicione o pigmento branco; na outra, o pigmento azul. Misture bem cada cor com o auxílio de um fuet, simultaneamente, até atingir a consistência de um mingau leve. Por fim, despeje simultaneamente as bases coloridas na forma, formando desenhos aleatórios.

Aguarde até que esteja fria e rígida.

Corte as fatias conforme, embale-as com plástico bopp ou coloque em uma caixa de acetato.

Validade: 6 meses

Modo de usar:
Passe o sabonete sobre a pele molhada, massageando gentilmente em movimentos circulares. Deixe agir por alguns minutos em seguida enxágue completamente com água morna. Repita a aplicação se necessário.